Obesidade e Gravidez

Publicado em 10/06/2021.

Tempo de leitura: 4.6 minutos.

Deve-se levar em conta que a obesidade ou o excesso de peso é uma das causas mais comuns de infertilidade em mulheres e também em homens

Em mais de uma ocasião nos deparamos com dúvidas sobre as possibilidades e os riscos de uma gravidez em mulheres obesas; dados da OMS de 2016 indicam que mais de 1,9 bilhão de adultos maiores de 18 anos apresentavam sobrepeso, dos quais mais de 650 milhões eram obesos e, destes, aproximadamente 40% eram mulheres com sobrepeso e obesas.[1]World Health Organization – Obesity and overweight- https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight

Também foi constatado que, nos últimos 30 anos, o excesso de peso nas mulheres em idade fértil mais que dobrou, da mesma forma que o número de gestantes obesas cresceu proporcionalmente.

Mas antes da gravidez deve-se levar em conta que a obesidade ou o excesso de peso é uma das causas mais comuns de infertilidade em mulheres e também em homens.[2]Sexual Medicine – Sexual Dysfunctions in Men and Women. 2nd  International Consultation on Sexual Dysfunctions – Paris. Edition 2004 – Health Publications-  2004.

A infertilidade, em muitos casos, acontece devido às alterações hormonais que ocorrem no corpo da mulher, associadas ao ganho de peso, além de distúrbios menstruais, que vão além do problema hormonal em si [3]Escobar, Fernando Manuel, “Rol de las hormonas ováricas en la obesidad”, Revista de Endocrinología y Nutrición, vol. 8, núm. 1, marzo de 2000, pp. 14-18. No homem, observou-se que além do problema hormonal existe também uma deficiência na qualidade dos espermatozoides em termos de número e capacidade de movimentação.[4]Corona G, Manucci E, Schulman C, Petrone L, Masani R, Cilotti A et al. Psychobiologic correlates of the metabolic syndrome and associated sexual dysfunction. Eur Urol 2006; 50:595-604

Os problemas com a obesidade nos levam a pensar sobre como é possível melhorar a qualidade de vida das pessoas. Entre estas possibilidades estão as cirurgias bariátricas e, especificamente no caso de uma mulher, qualquer uma das técnicas de cirurgia bariátrica que existem atualmente pode ser aplicada em uma mulher de idade fértil, promovendo a melhora hormonal e metabólica para, com isso, melhorar sua ovulação e eliminar distúrbios metabólicos para possibilitar a gravidez.[5]Bray G, et al. The Science of Obesity Management: An Endocrine Society Scientific Statement. Obesity Rev. 2018; 39; 79-132

Outra realidade é a das mulheres que após fazerem a cirurgia bariátrica têm que recorrer ao uso de hormônios para induzir a fertilidade – vale lembrar que não existe nenhuma contraindicação a esta prática.

Estudos realizados em todo o mundo destacam as taxas de sucesso para fertilização in vitro são muito maiores naqueles que perdem peso por meio da cirurgia bariátrica do que nos pacientes que continuam ganhando peso. Isso prova o duplo benefício da cirurgia bariátrica.

Pode acontecer que o simples fato de perder peso ajude a se alcançar uma gravidez natural da mulher, mas se isso não for conseguido, talvez porque existam outras causas de infertilidade, após a cirurgia é possível que a mesma paciente venha a tentar uma gravidez in vitro, com óvulos de melhor qualidade e uma possibilidade muito maior de fecundação.

Dentro desta realidade existe um púbico muito específico, o das mulheres que se submeteram à cirurgia bariátrica. Para elas há dados muito importantes, as taxas de fecundidade no casal sobem para mais de 30% para aquelas que não tiveram oportunidade de engravidar, mas levando em consideração que há recomendações de que durante o primeiro ano após a cirurgia se use um método anticoncepcional para evitar, tanto quanto possível, a gravidez no primeiro ano.

Independentemente de se buscar ou não a gravidez, o acompanhamento psicológico é decisivo nas pacientes que serão submetidas à cirurgia bariátrica, tanto antes quanto depois. [6]Vázquez, V. y J. C. Lopez, “Psicología y obesidad”, Revista de Endocrinología y Nutrición, num. 9, 2001, pp. 91-96.Nos casos de gravidez, propõe-se dar um acompanhamento muito mais próximo, em razão de todos os altos e baixos hormonais que ocorrem na gestação.

Os riscos de gravidez para uma mãe operada e seu bebê são muito baixos, os estudos mais recentes mostram que, com suplementação adequada e visitas regulares ao ginecologista, as pacientes podem ter uma gravidez praticamente normal. [7]MECHANICK, Jeffrey I., et al. Clinical practice guidelines for the perioperative nutrition, metabolic, and nonsurgical support of patients undergoing bariatric procedures–2019 update: cosponsored … Continue readingHá uma pequena possibilidade de que sejam gestantes de alto risco e isso requer mais visitas consecutivas ao ginecologista e estudos de vitaminas e mais suplementação.[8]Ziegler, O., et al. “Medical follow up after bariatric surgery: nutritional and drug issues General recommendations for the prevention and treatment of nutritional deficiencies.” Diabetes … Continue reading

Para as futuras mamães, a recomendação de evitar a gravidez no primeiro ano, ou um ano e meio após a cirurgia bariátrica tem um motivo muito importante, é justamente nesse período que se perde a maior parte do peso.

Outro ponto importante é que para as mulheres que já se submeteram a cirurgias bariátricas, o método de parto é indistinto, não há nada que diga que a cesárea ou o parto natural é melhor, tudo depende da evolução da gravidez e da decisão do ginecologista.

Referências

Referências
1 World Health Organization – Obesity and overweight- https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight
2 Sexual Medicine – Sexual Dysfunctions in Men and Women. 2nd  International Consultation on Sexual Dysfunctions – Paris. Edition 2004 – Health Publications-  2004.
3 Escobar, Fernando Manuel, “Rol de las hormonas ováricas en la obesidad”, Revista de Endocrinología y Nutrición, vol. 8, núm. 1, marzo de 2000, pp. 14-18
4 Corona G, Manucci E, Schulman C, Petrone L, Masani R, Cilotti A et al. Psychobiologic correlates of the metabolic syndrome and associated sexual dysfunction. Eur Urol 2006; 50:595-604
5 Bray G, et al. The Science of Obesity Management: An Endocrine Society Scientific Statement. Obesity Rev. 2018; 39; 79-132
6 Vázquez, V. y J. C. Lopez, “Psicología y obesidad”, Revista de Endocrinología y Nutrición, num. 9, 2001, pp. 91-96.
7 MECHANICK, Jeffrey I., et al. Clinical practice guidelines for the perioperative nutrition, metabolic, and nonsurgical support of patients undergoing bariatric procedures–2019 update: cosponsored by American Association of Clinical Endocrinologists/American College of Endocrinology, The Obesity Society, American Society for Metabolic & Bariatric Surgery, Obesity Medicine Association, and American Society of Anesthesiologists. Surgery for Obesity and Related Diseases, 2020, vol. 16, no 2, p. 175-247.
8 Ziegler, O., et al. “Medical follow up after bariatric surgery: nutritional and drug issues General recommendations for the prevention and treatment of nutritional deficiencies.” Diabetes & metabolism6 (2009): 544-557.

Compartilhe esta história...

Como evitar o reganho de peso

Ver mais postagens do blog