O estigma do peso, ou mais especificamente, o estigma relacionado à obesidade, é um fator que acarreta grande sofrimento para pessoas que estão, ou irão iniciar, uma jornada de emagrecimento.

Mas, diferente do que normalmente imaginamos, esse estigma não se resume apenas à questões emocionais, já que pode trazer consigo riscos para a saúde física, dificuldades laborais, entre outros.

Por isso, entender e enfrentar o estigma do peso é tão importante, e deve ser um objetivo para todos, independente de estarmos ou não lutando contra a obesidade.

O que é o estigma do peso?

Chamamos de estigma uma característica que pode ser percebida como algo ruim, ou que pode ser vista como uma vergonha – mesmo que não seja. Isso pode incluir questões como gênero, status social, etnia e religião, por exemplo.

Assim, quando falamos de estigma do peso, nos referimos à tendência de discriminar, estereotipar ou julgar negativamente as pessoas com base em seu peso corporal.^[1]Anarte-Ortiz MT. Obesidad, estigma de peso y variables relacionadas. Nutrición Hospitalaria, 2023, 40(3), 467-468.

Esse estigma pode se apresentar de várias formas, incluindo:

• Comentários depreciativos
• Exclusão social
• Bullying
• Discriminação no local de trabalho
• Limitação do acesso a serviços de saúde e transporte
• Representações negativas na mídia e na cultura popular

Além disso, esse estigma muitas vezes assume a forma de preconceitos generalizados e suposições injustas sobre a saúde, inteligência, autocontrole e valor pessoal das pessoas com sobrepeso ou obesidade.

Por isso, é importante reconhecer e combater o estigma do peso, para assim garantir que as pessoas sejam tratadas com dignidade e justiça, independentemente de seu peso.

Consequências do estigma do peso

A discriminação decorrente do estigma do peso pode ter impactos profundos na saúde física e mental das pessoas afetadas, contribuindo para o desenvolvimento de uma série de problemas, como:

• Baixa autoestima
• Ansiedade
• Depressão
• Transtornos alimentares, como a bulimia
• Isolamento social
• Perda de emprego e abandono dos estudos

Outro ponto importante é que o estigma também pode fazer com que a pessoa evite buscar cuidados médicos, pelo medo de, uma vez mais, sofrer com julgamentos.

A saúde física e o estigma do peso

Tendo em conta os impactos que o estigma associado ao peso possui, podemos entender melhor como ele afeta a saúde física da pessoa.

O principal, e mais grave, efeito nocivo do estigma é o receio de buscar por auxílio médico.

Dito de outra forma, o estigma gera um medo grande de ser julgado, fazendo com que a pessoa não queira se expor, muito menos receber um diagnóstico de obesidade ou sobrepeso.

Isso, por sua vez, pode atrasar o diagnóstico e o tratamento de problemas de saúde que sejam a causa ou uma consequência da obesidade.

Então, podemos dizer que o estigma pode piorar a saúde física de quem luta contra a obesidade, além de trazer questões de saúde mental.

Como prevenir o estigma do  peso?

O estigma do peso traz impactos significativos para a saúde, de forma que ele deve ser combatido na sociedade como um todo.

Mas essa não é uma tarefa simples, muito menos rápida. De forma geral, apesar da dificuldade, essa prevenção inclui:

• Estímulo à empatia: em um mundo cada vez mais automatizado, com tudo e todos sendo exibidos em redes sociais, pode ser difícil desenvolver a empatia. Mas esse é um passo fundamental para lidar com os estigmas, seja com relação ao peso ou com outras questões físicas e sociais
• Educação e conscientização: entender que a obesidade é um problema de saúde, e não uma escolha, é essencial para reduzir o estigma do peso
• Novas formas de tratamento da obesidade: associado à conscientização do público sobre a obesidade, é importante também trazer esta mudança de pensamento para o mundo médico. Desta forma, o desenvolvimento de novas formas de encarar e tratar a obesidade também contribui para reduzir o estigma do peso
• Mudanças políticas: tendo em vista as dificuldades que lidar com um estigma traz, muitas vezes são necessárias mudanças políticas, por meio de ações que apoiem criação de leis para proteger a população de situações preconceituosas. Assim, é possível garantir que pessoas com obesidade não sofram preconceito em locais de trabalho e escolas, por exemplo

Formas de se fortalecer contra o estigma do peso

As mudanças sociais e pessoais que previnem o estigma do peso, como vimos no tópico anterior, não são simples nem rápidas de serem implementadas.

Por isso, aprender formas de lidar com o problema, principalmente quando ao ser alvo desse estigma, é essencial, e contribui para o sucesso do tratamento da obesidade.

Assim, o nosso conselho principal é buscar ajuda profissional para lidar com o problema. É o caso da psicoterapia, que pode ensinar formas de encarar essas situações adversas e evitar seus impactos.

Outro conselho é sempre conversar com amigos ou familiares sobre coisas que estejam te incomodando, para que juntos possam encontrar formas de lidar com as adversidades.

Mas, independente da forma que você decida lidar com o estigma do peso, é crucial ter em mente que a obesidade não é uma escolha, não é falta de força de vontade, muito menos preguiça. É um distúrbio de saúde, e deve ser tratado como tal. Você merece respeito e acesso a uma vida plena.

Resumo

• O estigma do peso, principalmente quando falamos da obesidade, é um fator que traz muitas consequências para a saúde.
• Essas consequências normalmente incluem problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.
• Outro ponto importante é que o estigma pode ainda impedir a busca por ajuda médica.
• Por fim, quanto às formas de lidar com o problema, deve incluir desde ações pessoais, até o estímulo à empatia, e políticas, como a criação de leis para impedir este tipo de discriminação.