Medicamentos para perda de peso: como eles funcionam?

Publicado em 15/01/2024.

Tempo de leitura: 5 minutos.

Medicamentos para perda de peso.

Nos últimos anos, testemunhamos o surgimento de várias pesquisas sobre medicamentos para auxiliar na perda de peso. E, mais recentemente, novos medicamentos deste tipo entraram no mercado global, atraindo considerável atenção.

Esses novos medicamentos para perda de peso foram aprovados pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) em 2017 e 2021[1]FDA Approves New Drug Treatment for Chronic Weight Management. (2021, June 4). U.S. Food and Drug Administration.. E têm chamado a atenção justamente por sua potencial capacidade de serem uma “solução rápida” para a perda de peso, especialmente nos Estados Unidos e em alguns outros países.

Agora, anos após seu lançamento, é hora de analisar mais de perto seus efeitos e entender se esses medicamentos que prometem uma perda de peso rápida realmente cumprem suas promessas, ou se tudo não passou de uma ilusão.

A ciência por trás dos medicamentos para perda de peso

Esses novos medicamentos pertencem à classe dos Agonistas do Receptor GLP-1, e foram inicialmente desenvolvidos para o controle da diabetes. No entanto, rapidamente o seu efeito emagrecedor foi notado.

Os agonistas do receptor GLP-1 funcionam imitando um hormônio chamado de “peptídeo semelhante ao glucagon-1” (GLP-1), substância responsável por regular o açúcar no sangue e o apetite. Assim, ao potencializar os efeitos do GLP-1, esses medicamentos diminuem a ingestão de alimentos e levam, consequentemente, à perda de peso.

Então, para avaliar o impacto desses medicamentos, a comunidade científica realizou uma série de estudos clínicos. Iremos citar a seguir alguns dos mais importantes:

  1. Os ensaios STEP[2]Kushner RF, Calanna S, Davies M, Dicker D, Garvey WT, Goldman B, Lingvay I, Thomsen M, Wadden TA, Wharton S, Wilding JPH, Rubino D. Semgltde 2.4 mg for the Treatment of Obesity: Key Elements of the … Continue reading (desenvolvido para avaliar o efeito desses medicamentos em pessoas com obesidade), têm apresentado resultados promissores, onde pessoas que utilizaram esses medicamentos obtiveram uma perda de peso significativa em comparação com aquelas que receberam um placebo. Mais especificamente, os participantes que receberam o medicamento perderam, em média, 15% do peso corporal inicial ao longo de um ano.
  2. Um outro estudo publicado no New England Journal of Medicine[3]Javor E, Lucijanić M, Skelin M. Once-Weekly Semgltde in Adults with Overweight or Obesity. N Engl J Med. 2021 Jul 1;385(1):e4. DOI: 10.1056/NEJMc2106918 trouxe resultados semelhantes, onde o medicamento levou a uma perda média de peso de aproximadamente 15% do peso corporal após 68 semanas de tratamento.
  3. Da mesma forma, um estudo publicado no JAMA[4]Semgltde and Cardiovascular Outcomes in Patients with Type 2 Diabetes. (2016). New England Journal of Medicine, 375:1834-1844. DOI: 10.1056/NEJMoa1607141 demonstrou sua eficácia tanto na perda de peso quanto no controle do açúcar no sangue e na proteção cardiovascular de pessoas com diabetes tipo 2.

Esses estudos mostram que este tipo de medicamento realmente ajuda na perda de peso, com base em informações médicas confiáveis.

No entanto, também é necessário ressaltar que, durante os estudos, os resultados foram alcançados a partir da junção do uso de medicamentos, de modificações na dieta e com a realização de exercícios físicos.

Prós e contras do uso dos medicamentos para perda de peso

1. Os aspectos positivos:

  • Perda de peso eficaz: pesquisas sugerem que esses medicamentos realmente têm o potencial de levar a uma perda de peso, quando utilizados corretamente, com indicação e acompanhamento médico acompanhados de dieta e exercícios.
  • Melhora na saúde metabólica: além da perda de peso, esses medicamentos podem ajudar a melhorar a saúde metabólica, com um melhor controle das taxas de açúcar, trazendo benefícios a longo prazo para pessoas em risco de problemas de saúde relacionados à obesidade.
  • Supressão do apetite: a diminuição do apetite causada pelos agonistas do receptor GLP-1 é o grande responsável pelo efeito emagrecedor. Isso pode ajudar as pessoas a controlar e a modificar seus hábitos alimentares.

2. Os aspectos negativos:

  • Custo: esses medicamentos podem ser caros, e nem todos podem ter acesso a eles devido a restrições financeiras ou limitações do plano de saúde.
  • Possíveis efeitos colaterais: assim como qualquer medicamento, existem potenciais efeitos colaterais, que podem variar desde problemas gastrointestinais a questões cardiovasculares. Por isso, é crucial consultar um profissional de saúde antes de começar qualquer novo tratamento.
  • Manutenção a longo prazo: a perda de peso alcançada com esses medicamentos pode exigir um tratamento contínuo. Ou seja, a manutenção da perda de peso sem o uso do medicamento ainda é um tema em discussão entre os especialistas.

Conclusões

As evidências científicas sugerem que esses medicamentos podem ser ferramentas eficazes para aqueles que buscam perder peso. Mas é preciso olhar para eles de forma crítica, levando em conta tanto os aspectos positivos quanto os negativos.

E, além dos resultados de estudos, muitas pessoas vêm relatando resultados positivos ao incluir esses medicamentos de ação rápida em sua jornada de perda de peso. Essa eficácia, no entanto, pode variar de pessoa para pessoa. Ou seja, fatores como adesão ao tratamento prescrito, diferenças metabólicas individuais e escolhas de estilo de vida podem influenciar os resultados.

À medida que o tempo passa e mais dados surgem, teremos uma compreensão mais clara do papel deles em auxiliar as pessoas a alcançar seus objetivos de perda de peso.

O caminho para a perda de peso continua sendo uma jornada pessoal, e a escolha de usar tais medicamentos deve sempre ser feita com cuidado e em parceria com um profissional de saúde. Afinal, não existe uma abordagem absoluta que funcione para todos, visto que cada indivíduo e organismo é único.

Veja também: Vida depois da cirurgia bariátrica: é preciso tomar medicamentos?

Referências

Referências
1 FDA Approves New Drug Treatment for Chronic Weight Management. (2021, June 4). U.S. Food and Drug Administration.
2 Kushner RF, Calanna S, Davies M, Dicker D, Garvey WT, Goldman B, Lingvay I, Thomsen M, Wadden TA, Wharton S, Wilding JPH, Rubino D. Semgltde 2.4 mg for the Treatment of Obesity: Key Elements of the STEP Trials 1 to 5. Obesity (Silver Spring). 2020 Jun;28(6):1050-1061. DOI: 10.1002/oby.22794
3 Javor E, Lucijanić M, Skelin M. Once-Weekly Semgltde in Adults with Overweight or Obesity. N Engl J Med. 2021 Jul 1;385(1):e4. DOI: 10.1056/NEJMc2106918
4 Semgltde and Cardiovascular Outcomes in Patients with Type 2 Diabetes. (2016). New England Journal of Medicine, 375:1834-1844. DOI: 10.1056/NEJMoa1607141

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