Procedimentos cirúrgicos

Explore diferentes opções cirúrgicas para perda de peso, conheça seus benefícios, riscos e como elas podem ajudar a alcançar a gestão de peso a longo prazo e melhorar a saúde.

Entenda o que é o bypass gástrico e as diferentes técnicas disponíveis.

Entenda o que é a manga gástrica, um procedimento realizado em todo o mundo.

O que é um Bypass Gástrico?

O bypass gástrico faz parte de uma categoria de cirurgias onde se mexe no estômago e no intestino. Chamam-se cirurgias mistas. Existem várias propostas cirúrgicas para o tratamento da obesidade que se encaixam nesta categoria, mas aqui optamos por descrever três: o bypass gástrico tradicional, o bypass simplificado, chamado de minigastric bypass ou BAGUA, e finalmente o SADIS, que é uma combinação da gastrectomia vertical (sleeve) com um importante desvio intestinal. O mais importante a saber sobre estes procedimentos é que todos eles têm uma capacidade muito grande de ajudar no tratamento da diabetes tipo 2, problemas como colesterol e triglicerídeos, pressão alta, apneia do sono e muitas outras doenças associadas à obesidade.[1]Wittgrove AC, Clark GW. Laparoscopic gastric bypass roux-en-y — 500 patients: technique and results with 3-60 month follow-up. ObesSurg 2000 Jun; 10(3): 233-9.

É fundamental que pacientes submetidos a estes tipos de cirurgia façam suplementação com vitaminas e micronutrientes. O minigastric bypass e o SADIs merecem cuidado ainda maior com a ingestão de proteínas.

Bypass tradicional

Traditional BypassBypass é uma palavra inglesa que significa desvio. E é exatamente isto que é feito nesta cirurgia: um desvio de grande parte do estômago e uma pequena parte do intestino delgado. Sem dúvida ainda é a cirurgia mais realizada no mundo. Ela consiste em uma redução importante do estômago por meio do uso de um grampeador. O grampeador é um instrumento cirúrgico que corta e costura ao mesmo tempo. O estômago então é dividido em duas partes: uma menor que será por onde o alimento irá transitar e outra maior que ficará isolada. Este pequeno estômago é então ligado ao intestino para que o alimento possa seguir seu curso natural. Todas as secreções do estômago separado serão levadas através do intestino a uma nova costura feita adiante no intestino que é costurado no “estômago pequeno”.

A vantagem desta cirurgia é que ela é totalmente reversível. O fato de o estômago ficar menor não quer dizer que você irá passar fome. O pouco que ingerir irá dar saciedade. Atualmente sabemos que esta cirurgia promove inúmeras alterações hormonais, que são secretadas pelo intestino. Dentre eles há um hormônio responsável pelo nosso apetite chamado grelina.[2]Dimitriadis, G. K., Randeva, M. S., & Miras, A. D. (2017). Potential Hormone Mechanisms of Bariatric Surgery. Current obesity reports, 6(3), 253–265. doi:10.1007/s13679-017-0276-5
Este hormônio é produzido em todos os segmentos do trato digestivo, mas é produzido em maior quantidade na parte do estômago que irá ficar isolada depois desta cirurgia, gerando uma inapetência no período pós-operatório que pode durar até o terceiro mês.

É muito comum depois deste procedimento que os pacientes percam totalmente o apetite. Com o tempo o apetite volta devido ao aumento de produção deste hormônio pelo intestino. Importante não confundir fome com “vontade de comer”. A perda média de peso nesta cirurgia é de 35 a 40% do peso inicial.[3]Wittgrove AC, Clark GW. Laparoscopic gastric bypass roux-en-y — 500 patients: technique and results with 3-60 month follow-up. ObesSurg 2000 Jun; 10(3): 233-9.

Minigastric Bypass ou BAGUA

SADISTIC BypassComo no bypass gástrico é criado um novo estômago a partir do estômago normal com o uso de um grampeador. O grampeador é um instrumento cirúrgico que corta e costura ao mesmo tempo. O estômago então é dividido em duas partes, mas o tamanho do estômago que fica para receber os alimentos é um pouco maior que o do bypass gástrico tradicional. O motivo é porque como aqui há um desvio intestinal maior, existe uma preocupação também no consumo alimentar, principalmente de proteínas como carne. Apesar de parecer uma cirurgia muito parecida com o bypass tradicional, esta cirurgia tem uma característica de absorver menos nutrientes por fazer um desvio intestinal maior.

O próximo passo é conectar este estômago novo com o intestino para que a comida possa seguir seu caminho. Aqui há apenas uma conexão do estômago novo com o intestino, o que a tornou muito popular entre vários cirurgiões, principalmente no oriente, por simplificar tecnicamente a sua realização quando comparado ao bypass gástrico. Vários países da América Latina fazem rotineiramente esta cirurgia. Atualmente existem inúmeras publicações demonstrando as vantagens e desvantagens dela. No Brasil, esta cirurgia ainda não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina que entende que ainda são necessários mais estudos para se conhecer os riscos e benefícios desta técnica.

SADIs

SADISTIC BypassO SADIs é uma técnica que foi idealizada na Espanha onde o cirurgião procurou simplificar uma técnica já muito conhecida chamada derivação biliopancreátrica com desvio duodenal. Um nome complicado que não vem ao caso explicar aqui. O mais importante é mostrarmos como é esta cirurgia, suas vantagens e desvantagens. A primeira parte desta cirurgia consiste em fazer uma gastrectomia vertical (sleeve) só que aqui além do cirurgião recortar o estômago, também recorta o intestino bem no seu começo. Este comecinho do intestino chama-se duodeno, daí o termo “desvio duodenal”.

Aqui o tamanho do estômago é maior que nas duas técnicas anteriores pela preocupação com o consumo de alimentos. O segundo passo desta técnica consiste em reconectar o intestino, mas com um desvio intestinal muito grande há uma diminuição importante da absorção dos nutrientes. Este desvio causa também uma diminuição importante da absorção de gorduras, podendo levar a um aumento da frequência de necessidade de ir ao banheiro. As vitaminas A, D, E e K precisam da gordura para serem absorvidas e esta técnica leva a uma diminuição da absorção delas. Nesta técnica deve-se ter um cuidado adicional em relação à dieta e reposição de nutrientes.[4]Ruz, Manuel, et al. “Heme-and nonheme-iron absorption and iron status 12 mo after sleeve gastrectomy and Roux-en-Y gastric bypass in morbidly obese women.” The American journal of clinical … Continue reading

O SADIs tem sido utilizado como um procedimento para tratar pacientes que fizeram a gastrectomia vertical (sleeve) e que voltaram a ganhar peso. Como no minigastric by-pass, no Brasil esta cirurgia ainda não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina que entende que ainda são necessários mais estudos para se conhecer os riscos e benefícios dela.

Apesar das técnicas aparentemente serem semelhantes, as mudanças no tamanho do estômago associado ao desvio intestinal fazem grande diferença na quantidade de perda de peso, necessidade de cuidados nutricionais e efeitos sobre a síndrome metabólica.[5]Weight-control Information Network. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. Weight Cycling. Bethesda, MD: National Institutes of Health; 2008. NIH publication 01-390[6]MECHANICK, Jeffrey I., et al. Clinical practice guidelines for the perioperative nutrition, metabolic, and nonsurgical support of patients undergoing bariatric procedures–2019 update: cosponsored … Continue reading

A obesidade é uma doença crônica e incurável e deve ser acompanhada por toda a vida por uma equipe de profissionais da área de nutrição, saúde mental e saúde física. Pacientes que não fazem acompanhamento depois da cirurgia podem apresentar problemas nutricionais graves além de reganhar todo o peso perdido.[7]Sjöström, L. Review of the key results from the Swedish Obese Subjects (SOS) trial – a prospective controlled intervention study of bariatric surgery. J Intern Med. 2013 Mar; 273(3): 219–234. … Continue reading Converse com seu médico sobre sua cirurgia e procure entender as vantagens de fazer um procedimento que sem dúvida irá mudar sua vida. Quanto mais consciente estiver sobre sua cirurgia, sem dúvida seu resultado será mais sólido.

Referências

Referências
1 Wittgrove AC, Clark GW. Laparoscopic gastric bypass roux-en-y — 500 patients: technique and results with 3-60 month follow-up. ObesSurg 2000 Jun; 10(3): 233-9.
2 Dimitriadis, G. K., Randeva, M. S., & Miras, A. D. (2017). Potential Hormone Mechanisms of Bariatric Surgery. Current obesity reports, 6(3), 253–265. doi:10.1007/s13679-017-0276-5
3 Wittgrove AC, Clark GW. Laparoscopic gastric bypass roux-en-y — 500 patients: technique and results with 3-60 month follow-up. ObesSurg 2000 Jun; 10(3): 233-9.
4 Ruz, Manuel, et al. “Heme-and nonheme-iron absorption and iron status 12 mo after sleeve gastrectomy and Roux-en-Y gastric bypass in morbidly obese women.” The American journal of clinical nutrition4 (2012): 810-817.
5 Weight-control Information Network. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. Weight Cycling. Bethesda, MD: National Institutes of Health; 2008. NIH publication 01-390
6 MECHANICK, Jeffrey I., et al. Clinical practice guidelines for the perioperative nutrition, metabolic, and nonsurgical support of patients undergoing bariatric procedures–2019 update: cosponsored by American Association of Clinical Endocrinologists/American College of Endocrinology, The Obesity Society, American Society for Metabolic & Bariatric Surgery, Obesity Medicine Association, and American Society of Anesthesiologists. Surgery for Obesity and Related Diseases, 2020, vol. 16, no 2, p. 175-247.
7 Sjöström, L. Review of the key results from the Swedish Obese Subjects (SOS) trial – a prospective controlled intervention study of bariatric surgery. J Intern Med. 2013 Mar; 273(3): 219–234. Published online 2013 Feb 8. doi: 10.1111/joim.12012