O IMC me diz se sou obeso
Publicado em 11th Feb 2022.
Tempo de leitura: 3.6 minutos.
O acúmulo de gordura não só aumenta a probabilidade de sofrer de doenças crônico-degenerativas, mas também reduz muito a qualidade de vida, os relacionamentos pessoais e até pensamentos

FAKE: O IMC me diz se sou obeso
FATO: O percentual de gordura corporal e a cintura são melhores indicadores
MEDINDO A OBESIDADE
Em linhas gerais, quando falamos em diagnosticar a obesidade, costuma-se utilizar principalmente o IMC ou Índice de Massa Corporal. Este índice foi desenvolvido em 1832 por Adolphe Quetelet (Gante, 1796 – Bruxelas, 1874), que foi um renomado estatístico belga, cuja contribuição foram seus modelos estatísticos.
Esses modelos facilitaram o estudo de grandes grupos de pessoas, como é o caso do estudo da população de um país ou continente, com o objetivo de agilizar as contagens e esboçar o que Quetelet chamou de “o homem médio”.
No entanto, embora seja necessário monitorar populações, essa generalização não é a mais adequada quando o indivíduo precisa de ferramentas mais fáceis que lhe permitam identificar seu estado de saúde, seu nível de risco associado a outras doenças, bem como o risco de morte
Como é calculado o Índice de Massa Corporal?
O IMC utilizado para determinar sobrepeso e obesidade em adultos é calculado considerando o peso em quilogramas, dividido pelo quadrado da altura da pessoa, ou seja: kg/m2. Esta é uma fórmula que utiliza o peso total, sem considerar a diferença entre massa muscular e a massa gorda, em relação à altura. Isso significa que uma pessoa com grande massa muscular pode ser diagnosticada com sobrepeso ou obesa se for utilizado o IMC.
O sobrepeso é definido como IMC igual ou superior a 25 kg/m2, enquanto a obesidade é classificada como IMC igual ou superior a 30 kg/m2.
O risco está em tomar essa classificação como índice de tolerância.
“Eu não sou obeso, certo?” É o que ouvimos na consulta quando, por exemplo, o IMC é de 29,3 kg/m2 e o paciente está por um triz da mudança de classificação.
O que é obesidade?
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), “o sobrepeso e a obesidade são definidos como um acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode ser prejudicial à saúde”. Essa definição dá um nome claro ao problema: excesso de gordura no corpo.
O acúmulo de gordura não só aumenta a probabilidade de sofrer de doenças crônico-degenerativas, mas também reduz muito a qualidade de vida, pois afeta o desempenho e a produtividade [1]1 [2]2, emoções, relacionamentos pessoais e até pensamentos [3]3.
Como monitorar o excesso de gordura?
Em vez do IMC, é melhor medir, diretamente, a porcentagem de gordura. Isso pode ser feito com uma balança no conforto de casa. Ou, algo tão simples como fazer a medição da cintura. É ainda possível acompanhar o progresso de um tratamento para resolver a obesidade usando um cinto, desde que seja usado na parte mais proeminente do abdome e não abaixo. No final das contas, já concordamos que o problema tem nome e se chama excesso de gordura, então é mais eficaz medi-la diretamente do que usar um parâmetro, como o IMC, que relaciona indiretamente o acúmulo de gordura.
O percentual de gordura normal, conforme indicado na Norma Oficial Mexicana NOM-043 para o Tratamento Cirúrgico de pacientes adultos com obesidade mórbida, está de acordo com o seguinte:
Mulheres
Idades Porcentagem
20-39 21%-33.9%
40-59 23%-33.9%
Homens
Idades Porcentagem
20-39 8%-19.9%
40-49 11-21.9%
A circunferência máxima da cintura para a população hispânica, relacionada ao risco de doenças crônicas, conforme indicado pelo Ministério da Saúde do México, é de 80 cm para mulheres e 90 cm para homens. Uma circunferência abdominal maior está positivamente associada a maior mortalidade mesmo com classificação de peso normal de IMC de 20 kg/m2.
Conclusão
O IMC é usado como ferramenta populacional, pois se correlaciona com o percentual de gordura, mas, a menos que o objetivo seja pesquisa, é melhor usar valores que medem diretamente a gordura, como o percentual de gordura e a circunferência da cintura. [4]Das B, Khan O. The myths of obesity. Int J Surg 2019; 68: 114–16. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1743919119301529 [5]ANZOS and ADS. 2020. The Australian Obesity Management Algorithm. Available at: https://static1.squaresp … Continue reading
Referências
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↑4 | Das B, Khan O. The myths of obesity. Int J Surg 2019; 68: 114–16. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1743919119301529 |
↑5 | ANZOS and ADS. 2020. The Australian Obesity Management Algorithm. Available at: https://static1.squaresp ace.com/static/5e3b5875edc1485d14d6fe3a/t/5f333410b37c0216c50936dc/1597191187793/Australian+Obesity+Management+Algorithm+update_22Jun2020.pdf . Accessed December 2021 |