O câncer de mama em pessoas obesas

Publicado em 21/07/2022.

Tempo de leitura: 3.4 minutos.

Os pacientes que sofrem de obesidade apresentam um maior risco de contrair uma série de doenças ou transtornos metabólicos que podem ser causados, exacerbados ou associados diretamente ao excesso de tecido adiposo. De fato, estima-se atualmente que todos os órgãos e sistemas do nosso corpo podem ser afetados por um acúmulo excessivo de tecido adiposo. Uma meta-análise que incluiu 89 estudos prospectivos determinou que a obesidade está associada a pelo menos 18 comorbidades que podem ser categorizadas em: doenças metabólicas (incluindo diabetes mellitus tipo 2), doenças cardiovasculares, problemas pulmonares e musculoesqueléticos, além do câncer [1]Dayyeh BK, Kaplan LM. Medical therapy for obesity. Gastrointest Endosc Clin N Am. 2011;21(2):203-12.

Em comparação com os homens, as mulheres são afetadas mais frequentemente pela obesidade, um fenômeno observado na maior parte do mundo [2]Kelly T, Yang W, Chen CS, Reynolds K, He J. Global burden of obesity in 2005 and projections to 2030. Int J Obes (Lond). 2008;32(9):1431-7. Essa disparidade pode ser explicada por diferenças biológicas, tais como o perfil hormonal e a maior predisposição das mulheres a acumular gordura visceral, entre outros fatores fisiológicos que diferem segundo o gênero [3]Mauvais-Jarvis F. Epidemiology of Gender Differences in Diabetes and Obesity. Adv Exp Med Biol. 2017;1043:3-8. O impacto negativo da quantidade excessiva de tecido adiposo difere entre homens e mulheres. Especificamente, a obesidade entre as mulheres aumenta o risco de contraírem uma série de doenças, como por exemplo diabetes mellitus, síndrome metabólica, e doenças cardiovasculares [4]Hu FB. Overweight and obesity in women: health risks and consequences. J Womens Health (Larchmt). 2003;12(2):163-72. Além disso, a obesidade aumenta o risco de desenvolver uma série de tumores, destacando-se entre eles o câncer do ovário, de cólon, da tiroide, e o câncer de mama, particularmente entre mulheres após a menopausa [5]Lauby-Secretan B, Scoccianti C, Loomis D, Grosse Y, Bianchini F, Straif K, et al. Body Fatness and Cancer–Viewpoint of the IARC Working Group. N Engl J Med. 2016;375(8):794-8. Este último é particularmente relevante, pois é o tumor maligno mais comum em nível global, chegando a deixar o câncer do pulmão em segundo lugar [6]Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Laversanne M, Soerjomataram I, Jemal A, et al. Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA … Continue reading.

Com relação à obesidade e o câncer de mama, a associação é ainda mais clara entre mulheres obesas após a menopausa. Diferentes estudos têm demonstrado essa associação onde um IMC mais alto está associado a um maior risco de câncer de mama. Foi determinado, por exemplo, que um aumento de 5 unidades no IMC está associado a um aumento de aproximadamente 12% [7]Renehan AG, Tyson M, Egger M, Heller RF, Zwahlen M. Body-mass index and incidence of cancer: a systematic review and meta-analysis of prospective observational studies. Lancet. 2008;371(9612):569-78 no risco de contrair câncer. Mulheres obesas após a menopausa enfrentam um risco particularmente maior. Isso é demonstrado por um aumento de entre 20% e 40% no risco de desenvolver câncer de mama se comparadas às mulheres com peso normal [8]Munsell MF, Sprague BL, Berry DA, Chisholm G, Trentham-Dietz A. Body mass index and breast cancer risk according to postmenopausal estrogen-progestin use and hormone receptor status. Epidemiol Rev. … Continue reading. Os maiores riscos são observados principalmente entre mulheres que nunca usaram a terapia de substituição hormonal para lidar com a menopausa. A obesidade é um fator de risco que pode ser modificado, isto é, através de nossos hábitos e condutas podemos preveni-lo. Nesse sentido, as evidências demonstram que manter um peso saudável e realizar atividades físicas de forma regular podem reduzir o risco de desenvolver câncer de mama. Se você sente dificuldade para alcançar um peso saudável, não hesite em consultar especialistas qualificados que poderão ajudar a encontrar o tratamento adequado para você.

Referências

Referências
1 Dayyeh BK, Kaplan LM. Medical therapy for obesity. Gastrointest Endosc Clin N Am. 2011;21(2):203-12
2 Kelly T, Yang W, Chen CS, Reynolds K, He J. Global burden of obesity in 2005 and projections to 2030. Int J Obes (Lond). 2008;32(9):1431-7
3 Mauvais-Jarvis F. Epidemiology of Gender Differences in Diabetes and Obesity. Adv Exp Med Biol. 2017;1043:3-8
4 Hu FB. Overweight and obesity in women: health risks and consequences. J Womens Health (Larchmt). 2003;12(2):163-72
5 Lauby-Secretan B, Scoccianti C, Loomis D, Grosse Y, Bianchini F, Straif K, et al. Body Fatness and Cancer–Viewpoint of the IARC Working Group. N Engl J Med. 2016;375(8):794-8
6 Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Laversanne M, Soerjomataram I, Jemal A, et al. Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA Cancer J Clin. 2021;71(3):209-49
7 Renehan AG, Tyson M, Egger M, Heller RF, Zwahlen M. Body-mass index and incidence of cancer: a systematic review and meta-analysis of prospective observational studies. Lancet. 2008;371(9612):569-78
8 Munsell MF, Sprague BL, Berry DA, Chisholm G, Trentham-Dietz A. Body mass index and breast cancer risk according to postmenopausal estrogen-progestin use and hormone receptor status. Epidemiol Rev. 2014;36:114-36

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